O nascimento dos direitos humanos no
contexto das revoluções liberais da Europa. E a dimensão social do
cristianismo.
Não se pode
ignorar que cidadania e direitos humanos andam lado a lado, garantido que
apesar das valiosas vitórias obtidas com sacrifício e luta de muitos, estas
conquistas não um processo findo, o progresso, desenvolvimento cientifico e
tecnológico, as novas demandas e aspirações do homem moderno vão sendo
incrementada exigindo constante renovação e luta para que sejam garantidas de
forma eficaz as prerrogativas para o exercício da plena cidadania.
Os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, oriundos da Revolução
Francesa e que também nortearam a Revolução Americana, inseriram no cenário
mundial um novo modelo de Estado. Embora estes ideais tivessem como fonte
inspiradora a burguesia, foram de grande valia e aliados as lutas sociais
crescente em vários países, inclusive no Brasil. Os conceitos de cidadania
voltados para uma conduta positivista de participação e os direitos humanos
uniram-se historicamente ao ponto de ser impossível desassociá-los.
Tendo por certo o predecessor dos direitos humanos urgiram na Grécia
antiga sob a alcunha de direitos naturais, aquele direito que é eterno,
imutável e universal, anterior a qualquer outro. Tido como direitos básicos,
fundamentais, direitos internacionalizado, os direitos humanos eram vistos como
um direito de defesa ou como uma função de prestação, direitos negativos e
positivos respectivamente, porém atualmente visto como direito de participação,
que exige do Estado condutas positivas e negativas.
Enquanto a cidadania passa a garantir ao cidadão o direito de exigência
de conduta negativas e positivas do Estado, o que não passa de uma cobrança
enfática de implementação de direitos individuais e sociais e que estão ligados
aos direitos humanos, direitos estes primordiais na garantia da participação
plena da vida social. Sendo este o elo entre seus conceitos e os de cidadania.
Tendo em conta que cidadania é o direito de participação na sociedade e que
para seu livre exercício se devem resguardar a cada cidadão os princípios de
direitos básicos, como, vida, moradia, educação segurança entre outros e em se
considerando estes como direitos básicos particulares á qualquer cidadão,
conclui-se que a simples violação a estes torna-se um conseqüente prejuízo a
cidadania.
E é neste contexto que surge a preocupação principal da cristandade
desde os tempos apostólicos. Esta preocupação irá resultar em ensinamentos das
Sagradas Escrituras, pautados nos exemplos altruístas e de compaixão do próprio
Jesus. “Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande
multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes
comerem?” João 6:5”.
As
circunstâncias difíceis em que viviam os cristãos dos primeiros séculos,
geralmente em situações de exclusão e isolamento e perseguição, não os
impediram de continuar exercendo a caridade como na época dos apóstolos. Confira
Atos dos Apóstolos cap. 2:42ss.
Uma das
características marcante da Igreja nesta época e que impressionava era o “amor
fraternal”, pouco acostumado com esta maneira de expressão os pagãos se
surpreendiam. Confira a epistola de
Inácio de Antioquia aos Esmirnenses do inicio do segundo século.
Nestes tempos
muitos cristãos procuravam socorrer os menos favorecidos com esmolas e a
própria igreja como comunidade ampliou suas ações de caridade que resultou em
um crescimento da igreja de Roma e que tornou conhecida sua generosidade.
Com as
invasões bárbaras o papel da igreja cristã, nas pessoas de seus lideres e
bispos prestou um primordial serviço no assistencialismo aos afligidos,
mantendo hospitais, albergues, orfanatos e assistindo viúvas e pessoas carentes
entre outras entidades. Valorizando o
ofício diaconal, transformou-se o diácono em assistente pessoais dos bispos,
encarregados diretamente das atividades beneficente da comunidade.
O surgimento
do monasticismo foi outro importante acontecimento na área da ação social da
igreja, Inspirados pelos ensinamentos de Jesus muitos foram levados a renunciar
o mundo e dedicar-se exclusivamente a Deus, realizando os votos de pobreza,
castidade e obediência. Mesmo com seus aspectos negativos, é inegável as contribuições
destas instituições para a igreja e a sociedade durante a idade média.
Principalmente na área de missões, preservação da cultura e educação. Sua
importância também pode ser notada durante os períodos de guerra, calamidades,
epidemias.
O seguimento
de Jesus não político, e as implicâncias sociais.
Seus adversários por muitas das vezes tentaram o colocar em
situações constrangedoras e sem saída. Na passagem do ensinamento no templo lhe
perguntam se é lícito as pessoas pagarem impostos. Uma negativa causaria a
acusação de ser Ele um rebelde e assim alimentar o espírito de revolta dos que
se sentiam oprimidos pelo governo romano. Já uma resposta positiva, faria com
que muitos pesassem ser Ele um apoiador das injustiças que sofriam.
“Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César,
e a Deus o que é de Deus.”Lucas 20.25:26
O significado brilhante desta resposta
significa que todos, inclusive seus seguidores tem suas obrigações para com
Deus e com os governos terrenos. Em contra partida à manter a ordem, os
governos cobram honestidade aos seus cidadãos, exigindo corretamente o
pagamento de impostos e cumprimento de suas leis.
O Senhor Jesus havia sido criado por pais
que cumpriam a lei. Confira o evangelho de Lucas capitulo 2.
Da mesma maneira Jesus cumpria a lei pagando
impostos que não precisava pagar, tomando desta forma, cuidado para não ir além
de sua autoridade e não se envolver em assuntos seculares. Não se deixava
envolver com os governos, mas os respeitava. Isto demandava uma total
abstinência do contexto político, mas que ao mesmo tempo surtia uma grande
influência no contexto social.
Na segunda parte de sua resposta “[...] e a Deus o que é de Deus.” Fica
clara a sua intenção em se posicionar ao lado dos menos favorecidos, dos que
eram oprimidos e subjugados pelas ações do Estado.
Em outra ocasião lhe questionaram a respeito
de qual seria o maior dos mandamentos e a sua resposta foi: “‘E Jesus
disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma,
e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Mateus
22:37-39.
Aqui Ele nos ensina que concernente a “dar a Deus o que é de Deus” o imperativo é o amor. Primeiro o amor
irrestrito, pleno e leal a Deus. Mas reflitamos.
Podemos ser leais a Deus e seu governo celestial e ao mesmo
tempo sermos leais aos nossos modelos de governos terrenos?
Muitos diriam que não e baseariam sua afirmativa no evangelho
de Mateus 6:24. Errôneo quem pensa que nesta passagem Jesus se refere ao
participar ou envolver-se na política. Seu posicionamento aqui é justamente
contra ostentação e apego a riqueza, ao depositar sua confiança dinheiro. Veja
que Jesus se refere a Mamom.
Mamon é um termo, de origem
hebraica (מָמוֹן) para descrever riqueza material, cobiça, ganância, avareza, o
terceiro dos pecados capitais. Sua aparência o relaciona também a uma pessoa
deformada, com um saco de ouro moedas de ouro nas costas pronto para subornar
os seres humanos e arrebatar suas almas é visto também como um abutre com
dentes capazes de estraçalhar as almas humanas.
(ICP,2004)
Quando nos dedicamos a uma analise do comportamento social de
Jesus em seu tempo, as coisas não são tão claras. Não podemos o isolar
simplesmente do contexto social de seu mundo ou criaremos um mito.
A companhia do Mestre eram os pobres, oprimidos,
marginalizados, doentes, mortos, etc. O inicio de seus milagres é por esta
classe social desprovida de qualquer apoio social e econômico do Estado. Ele se
torna um marco revolucionário em sua época, contradiz tudo e todos em prol de
saciar a sede e matar a fome dos necessitados. Uma das tradições farisaica diz “Afasta-te dos pobres, dos pecadores, porque
aos malditos”. A condição de vida
dos pobres lhes impediam de praticar a Lei. Portanto, concluía-se que eram
pecadores. Mas Ele, Jesus, da o exemplo e ao contrário aproxima-se e defende os
necessitados, pobres e oprimidos.
Seu conflito com os
poderosos e os governantes esta latente nos evangelhos. Em Jerusalém os
Escribas, Fariseus, os Sumos Sacerdotes e os Saduceus são alvos, chicoteia os
vendilhões do Templo e declara que o Templo, que significava o sistema
governamental da época chagará ao fim. Na passagem em que amaldiçoa a figueira
temos a clara visão de repudio ao símbolo do sistema Judaico.
Era um sistema
teocrático, um Estado religioso, as leis da época eram a Bíblia, o Pentateuco e
a constituição, o código penal e o código.
A sociedade era
piramidal composta pela classe alta, classe rica, classe intermediária e a
classe baixa se concentravam a maior parte da população, tratados nos
evangelhos por “multidão”. Uma verdadeira massa de pessoas desordenada, abatida
e oprimida. E é neste cenário que Jesus declina as bem aventuranças, multiplica os pães e os
peixes, cura leprosos, cegos, coxos, expulsa demônios, perdoa pecados e consuma
sua obra vicária na morte de cruz.
BIBLIOGRAFIA
SOCIOLOGIA, Material do Curso de Gestão Empresarial – FATEC – São
Sebastião 2012.
DEMONOLOGIA,
HISTÓRIA DA IGREJA E DOUTRINA DOS APOSTOLOS,
Curso Médio de Teologia do Instituto Cristão de Pesquisas – ICP – SP, 2004.
KELLER,
E.D
e MAZULA, Pe. R – História da Igreja
Moderna e Contemporâne –– Claretiano
– Batatais, 2013
BÍBLIA
APOLOGÉTICA COM APÓCRIFOS, ARC – ICP – RJ,
2014.
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